"Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas." Ferreira Gullar



28 de novembro de 2009

E aí?...

Quantas vezes a gente tem de fazer coisas de que não gosta? (...sempre!)
Quantas vezes a gente tem de passar por situações difíceis a ponto de acreditar que não vai conseguir vencer? (...quase sempre!)
Digamos que essas sejam situações corriqueiras no cotidiano de pessoas comuns, que ora apreciam algo, pra daqui a pouco rejeitar outra coisa parecida! Então, é mais ou menos por aí que vejo o que aconteceu com meus queridos (e teimosos!) alunos no último projeto de leitura: quantas vezes a gente tem de ler uma obra que considera difícil (mesmo que a Lu diga que vale a pena!) e chega ao final com "gosto de quero mais"? Resposta fácil: quase nunca, não é?
Pois afirmo que, a partir de agora, será mais fácil encontrar nesses leitores um bom grupo disposto a evitar pré julgamentos... um excelente grupo menos cético (com menos narizes torcidos!), mais envolvido com as propostas e com predisposição para desvendar o que há de fantástico no maravilhoso universo da literatura!
Posso estar delirando (o que não seria novidade! hehehe...), mas acredito que conquistamos algo novo agora! Meus amados foram finalmente fisgados... estão envolvidos até os ossos... desejam mais, e o bom é que nós sempre temos o que oferecer!

7 de novembro de 2009

Admirável gado novo

Estranhando o título?!? Pois é... como já postei comentário sobre Admirável mundo novo, não pretendo fazê-lo novamente... acho que já disse muito! Quero aproveitar apenas para sugerir a leitura da letra da canção de Zé Ramalho - Admirável gado novo - e proporcionar ao atento leitor do 2° ano um momento de reflexão para o que aponta Huxley no seu livro de 1930... como vamos nos livrar do destino pintado pelo autor se agimos como o gado apontado aí embaixo? Se apenas funcionamos como "massa de manobra"?

Oooooooooh! Oooi!
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber...
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer...
Êeeeeh! Oh! Oh!Vida de gado
Povo marcadoÊh!Povo feliz!...
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal...
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou...
Êeeeeh! Oh! Oh!Vida de gado
Povo marcadoÊh!Povo feliz!...
Oooooooooh! Oh! Oh!
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela...
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar...
Êeeeeh! Oh! Oh!Vida de gado
Povo marcadoÊh!Povo feliz!...
Lê e reflete... depois conversamos em aula! He he he...

1984

George Orwell é um escritor controverso. Há quem o ame e quem o odeie! Mesmo sabendo disso - ou até mesmo por sabre disso! - a escolha de 1984 para o projeto do 1° ano é especial! Temos nas três salas um número significativo de bons leitores, capazes de compreender o complexo universo pintado por Orwell há quase um século e fazer disso tema
  • de debates entusiasmados,
  • de relações com a sociedade moderna (em especial com as de regime totalitário),
  • de especulações em torno das motivações do autor,
  • de questionamentos sobre a essência do homem,

e tantas outras quantas forem possíveis... afinal, o livro é encarado como uma distopia (ou utopia negativa) e aponta para um processo que desejamos negar, mas que é factual: a luta do homem para permanecer são diante de uma sociedade doente!

O Sorão tem me ajudado muito com a obra, mas acredito que só atingiremos os objetivos quando nossos alunos questionarem o que está implícito no trabalho desse escritor crítico do começo do século XX! Não afirmo com isso que tenhamos uma resposta pronta... ela deve ser construída em cada novo leitor e discutida pelos grupos, só assim compreenderemos a beleza por trás da obra fantástica (em vários sentidos!!) de Orwell.

O ladrão de raios

Procurar um livro para o projeto de leitura não é fácil! A gente lê incansavelmente e se dá conta de que o mais complicado é atingir o aluno, fazer com que ele "queira" ler e discutir a obra, que troque experiências com os colegas e os estimule na leitura etc... Fica um pouco pior essa tarefa quando um bom grupo de alunos leitores diz que quer algo novo, uma aventura(!) legal, entusiasmante, intrigante... E aí fico me perguntando se, ao atendermos essa 'vontade' de nossos pequenos leitores não estamos deixando de lado o grande propósito do projeto: produzir leitores críticos e atentos aos mais diferentes tipos de obras.
Bom, considerarando esse último tópico, ponto pra eles, afinal só querem um livro 'legal', não pedem pra deixar de ler... e justamente por ter concluído que valeria a pena tentar, fui atrás de uma obra nova, que não estivesse programada e que trouxesse o que eles tanto queriam: ação! O ladrão de raios (Rick Riordan) foi um achado!! Mistura de realidade e ficção, brinca com a mitologia, como se os deuses fossem capazes de alterar o rumo da nossa história, mas também aponta para a situação de crianças e jovens que se veem envolvidos com a hiperatividade, tema abordado de maneira sutil, com delicadeza de quem conhece o que diz.
Aos que gostam de ação, aventura e tramas complicadas, o livro é uma boa pedida, assim como para os fãs de sagas, pois já são três livros publicados no Brasil! Na sequência: O mar de monstros e A maldição do Titã. Esses prometem...

Dewey

Até ler Dewey (Vicki Myron), eu acreditava que tudo que se podia ler sobre a relação do homem com seus animais de estimação já tivesse sido dito em Marley & eu. Puro engano! O que estava guardado em Dewey não só era completamente novo, como também surpreendente. Não a história do gatinho corajoso que sobrevive à rigorosa noite de inverno dentro da caixa de coleta da biblioteca onde Vicki trabalha, mas a do gato que não apenas se adapta ao espaço onde vive, mas que também "ganha" as pessoas, aprende a lidar com suas fraquezas, ansiedades, sofrimentos e as acolhe como quem apoia um amigo e quer ofertar mais que conforto... quer que sibam que está ali, vivendo em parte por elas e para elas. É uma lição de vida! Repito, não por ele, mas através dele e da história da autora, marcada pela passagem importante de Dewey em sua vida... Belíssimo!

Às vezes, sumir é uma necessidade...

Opa! Depois de vários dias (só pra ser delicada...) volto à tarefa!
Escrever sobre uma das minhas grandes paixões nem pode ser encarado como tarefa - pelo menos não como árdua! - mas toma tempo e prescinde concentração, algo que estava faltando no último mês e meio... Mas os projetos da escola chegam e a vontade de escrever sobre os livros que os envolvem é enorme, então, tenho de dar vazão ao desejo. Será isso mesmo (desejo de "falar" sobre os livros?), ou será que finalmente encontrei no blog uma forma de representar minha paixão pela literatura? ...ou apenas quero um espaço para trocar experiências sobre leituras? ...ou...? Na verdade, não faz muita diferença o que me move, mas como atinjo meus leitores e que tipo de contribuição posso oferecer a eles.
Se não puder mais acreditar nisso, não terá sentido continuar escrevendo! Vamos aos trabalho, então...