"Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas." Ferreira Gullar



21 de abril de 2009

PROJETO M2


Evito falar muito de O vendedor de sonhos (ver primeiras postagens do ano!), pois acredito que é uma obra ímpar: deixa um significado diferente para cada um que a lê. Como professora, falou-me de perto, fez-me questionar minha prática... como mulher, deu-me outra visão do comportamento feminino no contexto social... como pessoa, trouxe-me a possibilidade de avaliar o estar no mundo!
Em todos os sentidos, fez-me pensar muito em Drummond, o poeta Carlos Drummond de Andrade, que usava a poesia como forma de "despertar o homem" e fazê-lo desejar lutar por uma causa, mobilizá-lo diante dos conflitos, sacudi-lo! Sempre gostei de Drummond, desse lado de sua poesia capaz de produzir no leitor o sentido do fazer, do cumprir, do questionar-se... envolvido social e historicamente! Talvez por isso as minhas marquinhas continuem lá... páginas dobradinhas para serem relidas e refletidas, exatamente como faço nos livros de Drummond, principalmente no Sentimento do Mundo, em que os poemas sussurram em meus ouvidos propostas de mudança, possibilidades do novo...
Interessante é que Martha Medeiros também consegue promover esse tipo de sensação nos leitores de suas crônicas! Elas mexem conosco, pois traduzem situações que podem ser facilmente vivenciadas no dia a dia, deixando ao leitor o trabalho de compreendê-las... As turmas de 2º ano foram presenteadas com obras grandiosas! Agora é aproveitá-las...

14 de abril de 2009

"Ah! Admirável mundo novo..."

Admirável mundo novo (Aldous Huxley) é um romance singular! Daquele estilo que Graça Aranha inaugurou em nossa literatura Pré-modernista - o do romance de tese! - em que dois personagens dialogam interminavelmente, um deles na tentativa de defender algo indefensável: uma sociedade futurística baseada em princípios nada ortodoxos e que aposta numa falsa felicidade eterna.
Numa rica mistura de castas, seres humanos de várias espécies (numa pluralidade como a que se vê hoje) são projetados por máquinas e crescem independentes de relações familiares, aprendendo "lições" durante o sono (hipnopedia) e acreditando que cada um pertence a todos, num ritual quase promíscuo de sexualidade, sem jamais envelhecer fisicamente. Nesse ambiente que se supõe ideal, e no qual se prima constantemente pela felicidade, surge o contraponto: o Selvagem! Aquele que, tendo nascido de uma mãe (ofensa!) e crescido fora desse mundo estável e progressista, contraria todas essas leis e as subverte em nome de suas crenças antigas (num lugar em que o antigo é considerado abominável e em que atitudes solitárias não devem existir!), e de um desejo de felicidade mais verdadeiro, nem que se dê a partir do sofrimento. É aí, então, que surge o desequilíbrio, assim como, também, o desejo do diferente, que faz as pessoas (re)pensarem (com uma boa dose de Shakespeare!) suas existências banais... ...
Uma obra incrível, principalmente se pensarmos que foi escrita em 1932, numa época em que a noção de futuro era muito vaga, mas que mesmo assim sugere temas atuais, como por exemplo o questionamento da influência da tecnologia na construção de um homem cada vez mais individualizado e desumanizado!

13 de abril de 2009

PROJETO 8ª

Não preciso escrever mais nada sobre o incrível Lemniscata,
de Pedro Drummond (basta dar uma olhadela na postagem
sobre ele e visitar o site para saber...)!
Em compensação, as crônicas de Ponte Preta em Dois amigos e um chato são dignas de nota, não somente pelas histórias fantásticas que nos conta com excelente senso de humor, mas também pela linguagem extremamente direta e acessível.
Ler crônicas significa invadir o universo cotidiano retratado aos pedacinhos, em textos curtos e sem nenhuma relação aparente. Por essa mesma razão é que a crônica figura, hoje, como o gênero textual mais lido, afinal, a leitura pode ser interrompida a qualquer momento que não se perde o fio condutor e, às vezes (como no caso de Ponte Preta), as narrativas sempre curtas podem ser abordadas sob forma de piadas...
Ambos são ótimos, ainda que por razões diferentes... não dá pra desgrudar os olhos do primeiro e não dá pra ignorar o último!

Algumas leituras mais tarde...

Depois de algumas semanas sem postar, volto com ânimo renovado... Fiz algumas excelentes leituras, principalmente relacionadas aos Projetos de Leitura da escola e (normal!) me apaixonei por mais alguns livros!
É interessante como o início do ano letivo é exaustivo... mas compensador; ao envolver-me com as novas turmas, com os conteúdos e aulas on-line para, em seguida, começar a preparar as avaliações... não consegui encontrar um espaço para esboçar minhas impressões sobre uma das coisas de que mais gosto: ler!! Porém, penso que tenho sorte de ter encontrado dentre os novos alunos alguns amantes dessa arte fantástica que é a Literatura... Alunos que, juntamente com aqueles que já demonstravam afinidade com a leitura, revelam no dia a dia o prazer de descobrir situações que uma boa história pode contar... que se fascinam diante do espetáculo de uma boa poesia... que se deliciam na elaboração de textos, brincando com a criação literária!
É pensando nesse grupo maravilhoso que elaboro essas postagens... mas com direito a retorno, hein?!?