"Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas." Ferreira Gullar



18 de maio de 2014

Três coisas, na última semana, me fizeram ter vontade de resgatar esse blog... Três coisas de naturezas muito distintas, mas que guardam, em si, o mesmo núcleo: a literatura, é claro!
A matéria de uma revista: A revista Veja, na semana passada, trouxe como matéria de capa a leitura de ficção! Impossível não me encontrar nos relatos dos jovens leitores (e me encantar com eles!), afinal, é para esse grupo que trabalho e para o qual faço muitas das minhas leituras. É muito bom saber que a ficção não se encontra mais relegada a segundo plano e que, apesar de gostos e desejos, é ela que desperta a mente para o mundo, para o novo e para a apropriação da linguagem de maneira especial. Adorei...
O livro: Encantar-se com um mero resumo de contracapa não é muito a minha cara, mas fiquei apaixonada pela capa e pela sinopse do livro O menino da mala (Lene Kaaberbøl e Agnete Friis, Ed. Arqueiro), assim como não consegui parar desde que o abri, ontem! Fantástico, instigante, cruel... Mais uma vez: adorei...
A música: ouvindo a programação gaúcha da rádio 99.9 FM, agora há pouco, escutei a maravilhosa voz de João Chagas Leite cantando Seiva de Vida e Paz (poema de Silvio Genro), cuja estrofe mais famosa postei há algum tempo nesse blog. Bateu aquela saudade da época em que me dedicava, pelo menos uma vez por semana, a postar as leituras que fazia e o que apreciava no meu entorno artístico cultural. De novo: adorei...
Então, é isso! Pode ser que não me abandone, novamente, esse desejo de escrever sobre uma das coisas que mais amo na vida: a Literatura! Vambora...

10 de junho de 2012

31 de janeiro de 2012

RETOMADA...

"Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura." Leonardo Boff

Descobri, nesse período de ausência - como "blogueira"?!?! hehehe - que, além de ler, gosto de escritores. Identifico-me tanto com alguns que, por mais que tente diversificar, acabo 'caindo' diversas vezes nos mesmos, apaixonadamente, para, em muitas delas, admirá-los ainda mais, porém, em outras, para acabar me decepcionando. Palavra forte essa, mas nem por isso menos verdadeira quanto a alguns sentimentos que se manifestam à medida que vou desvendando mistérios - por vezes velhos conhecidos, retomados com formas surradas - ou aprendendo novos formatos intrigantes de narrar...

Aproveito, então, para resgatar essas experiências, da mais antiga à mais recente aventura literária, na tentativa de justificar, pelo menos em parte, a partir delas, o significado profundo das palavras de Boff em mim, até porque fiz algumas releituras nesse período... Allons-y!

O Morro dos Ventos Uivantes (Set/2011)

Encontrei um exemplar baratinho de O Morro dos Ventos Uivantes (Emily Brontë, Leya) e resolvi que deveria reler, afinal, um clássico que torna à fama, não importa por que meios, tem de ser retomado! Eu deveria ter quatorze anos quando o li pela primeira vez e qual não foi minha surpresa quando, ao chegar em casa, me deparei com dois outros exemplares do afamado livro! A releitura foi... cansativa! A narrativa é lenta, com excesso de descrições, muitas idas e vindas sem sentido, os personagens são desprovidos de intensidade... Apesar de Heathcliff ser um bruto e Catherine uma desmiolada, o amor deles deixa marca em ações tão posteriores ao momento no qual surge que acaba perdendo o tom. As dúvidas, os anseios, as críticas... tudo parece forçado demais, como se fossem apresentadas num dramalhão mexicano! Perdoem-me os amantes da obra da escritora inglesa, mas acredito que a passagem do tempo não me permite sentir mais o poder do amor além do tempo e do espaço, mas tinha uma lembrança diferente da leitura da adolescência: eu, de fato, tinha gostado do livro! Dele e de mais algumas pérolas bem divulgadas naqueles anos 70, como as obras de Jane Austen ou Jane Eyre (Charlotte Brontë), o qual pretendo reler em breve!

O diário de Anne Frank (Set/2011)

Reli O Diário de Anne Frank (Edição Definitiva - Otto Frank e Mirjam Pressler, Record) pela terceira vez, agora em razão do projeto de leitura da oitava série. Não me canso dele... Na verdade, a primeira vez acredito que estava com quinze anos, numa época em que a escola não oferecia projetos de leitura e acho até que nem se preocupava muito com isso; tive apenas uma professora de Português (na 5ª série, se não me engano!), cujo nome era Virgínia, que lia para a classe: lembro que, com ela, conheci Lygia Fagundes Telles e Clarice Lispector, por exemplo. Mas meu verdadeiro incentivador era meu pai! Numa casa de poucos livros, ele buscava alimentar o desejo de ler da maneira mais acessível na época: comprava livros nas bancas de revistas. Até hoje guardo uma coleção da Abril Cultural que ele fazia, com os Clássicos da Literatura Mundial!

Apesar disso, foi na escola que ouvi falar de Anne Frank e seu diário... e queria muito conhecê-lo. Lembro que me choquei, embora pouco tenha ficado da leitura juvenil. Anos depois, já trabalhando na Mario Quintana, reli para um projeto com o 2º ano do médio, e o que ficou foi a sensação reiterada pela terceira leitura, a mais recente: é uma obra paradoxal - triste e engraçada, desoladora e bela, sofrida e criativa... - e prova para nós, seres livres, que vivemos distantes do conflito histórico em que está inserida, que a vida é maravilhosa! O que Anne deixou foi um legado que deve continuar vivo pelas próximas gerações como a impressão de um olhar ao mesmo tempo ingênuo e crítico, extremamente arguto sobre um dos piores 'desastres' da História da humanidade! Pena que nem todos têm olhos para ver...

Eu sou o mensageiro (out/2011)

Markus Zusak é o primeiro escritor da minha lista a me deixar frustrada!

Não houve, necessariamente, uma decepção, sequer algo que se assemelhe ao abandono da leitura, mas o que me incodou profundamente foi desejar ler um estilo que adorei em A menina que roubava livros e encontrar outro COMPLETAMENTE DIFERENTE em Eu sou o mensageiro (Intrínseca). A narrativa é forte, impactante até, sobre o que há de pior e mais 'pobre' dentro do homem - vale dizer que esse é o ponto alto da narrativa, de fato muito boa! - mas o vocabulário chulo, as questões referentes à sexualidade e a sequência de altos e baixos da vida medíocre de Ed Kennedy, o protagonista, são enervantes! Gostei muito do livro, mesmo (!), embora permaneça a certeza de não olharei mais para Zusak da mesma maneira que antes! Acho que devo procurar um tira-teima...

Marina (Nov/2011)

Ao ver Marina (Carlos Ruiz Zafón, Suma) na Feira do Livro não pensei duas vezes. Eu precisava dele! O jogo do anjo e A sombra do vento foram duas preciosidades que li e pelas quais me apaixonei, então, como recusar o apelo de Marina? Impossível... Amo o estilo de Zafón! Considero-o um escritor completo: criterioso na escolha dos personagens e da ambientação, habilidoso na elaboração do enredo, extraordinário na cosntrução do conflito e do desfecho... enfim, ele é perfeito! Assim, ler Marina tornou-se prioridade. Confesso que é um pouco diferente, mais 'macabro', mais permeado de situações inverossímeis, mas nem por isso menos intenso e perturbador. Arrepia... convence... surpreende! Nota mil!

Quando ela se foi (Dez/11)

Foi amor à primeira vista!
O estilo intenso de narrar, a forma sutil de apresentar os personagens, a proposta intercalada na abordagem dos pontos de vista... e mais alguma meia dúzia de coisinhas interessantes fizeram de Harlan Coben uma nova paixão, a ponto de desejar ler outros títulos! Isso não é novidade... algo parecido já havia acontecido em relação a outros autores (tive a fase do Dan Brown, por exemplo... enquanto não devorei todos os livros dele não sosseguei!). Não vejo problema em afirmar que dois são os fatores mais importantes na relação com livros como Quando ela se foi (Arqueiro): o típico romance policial (muita ação, adrenalina e aventura) e o estilo fácil! Para quem lê muito esse é um fator significativo: aprecio quando um livro com narrativa simples me faz ter vontade de devorá-lo, pois a história fica leve, deixa sua marca... e não é necessário que a cabeça 'ferva'... Quero mais!

...indo pra praia!

Um dia (Jan/2012)


Um dia (David Nichols, Intrínseca) é en-can-ta-dor! O vaivém amoroso de Emma Morley e Dexter Mayhew é uma bênção aos sentidos... e a trajetória de "Vinte anos. Duas pessoas" apresentada na capa é fascinante! Fazia muito tempo que um personagem não me deixava indignada, mas Dexter conseguiu me tirar do sério (acho que só o Capitão Rodrigo Cambará tinha me provocado desse jeito antes!): ao mesmo tempo em que o amo, o odeio! Mas Emma é fantástica... engraçada, incoerente, irônica, crítica... é o retrato de uma jovem em transformação nos maravilhosos anos 80. Ri muito com ela! Pena que já virou filme... e o rosto insistente da Anne Hathaway não queria sair da minha cabeça enquanto eu moldava a 'minha' Emma. Detesto essa intromissão... mas a culpa foi exclusivamente minha. Descobri o trailer do filme e não resisti! Bom, agora é conferir a narrativa nas telas esperando que esteja à altura. Independente disso, um livro delicioso desses sempre deve estar ao alcance da mão... Show!

O tamanho do céu (Jan/2012)

Conheci Thrity Umrigar com o maravilhoso A distância entre nós (Nova Fronteira) - ver postagem de 12 de fevereiro de 2009 - e, apesar de ter adorado a leitura, não havia procurado mais nada da autora. Fui reencontrá-la na internet há bem pouco tempo e acabei guardando o livro para as férias... sem arrependimentos! Simplesmente fantástico! A mistura de culturas e tradições indianas e norte-americanas que a autora revela é um presente ao leitor. Na narrativa, encontra-se um conflito que se poderia dizer 'batido' - a perda de um filho pelo casal norte-americano -, mas a maneira como Thrity o molda é reveladora de uma ótica singular: o menino indiano, Ramesh, filho de um casal de empregados, sendo objeto de substituição de Ben, o filho falecido! O que se instaura a partir daí é a construção, ao olhar do leitor, de uma Índia fabulosa, colorida e festiva de um lado, e de outro o país marcado pela opressão, pela corrupção, pelos costumes milenares e por questões familiares severas muitas vezes incompreensíveis. Do lado positivo encontra-se Ellie... do obscuro, Frank: dois mundos tão próximos e, ao mesmo tempo, tão distantes... O tamanho de céu (Nova Fronteira) é a resposta a conflitos que podem desencadear uma tragédia sem precedentes. Eu estava despreparada para vivenciá-la... Surpreendente é um excelente adjetivo para o obra grandiosa da escritora indiana! Vale conferir...

Noah foge de casa (Jan/2012)

Sinceramente? Esperava mais de Noah foge de casa (Cia. das Letras)... Não é questão de ser exigente, na verdade, a explicação é muito simples: John Boyne está quase no topo da lista de meus escritores favoritos e, como já postei anteriormente, não posso me deparar com um título dele que preciso ler! Claro que, por isso, fui com muita sede ao pote; no entanto, não esperava que a narrativa fosse tão... como dizer?!?! Infantil não é bem a palavra, pois apesar de Noah ser um menino de oito anos e suas aventuras se enquadrarem em situações meio apropriadas a essa idade, nem toda criança de oito anos a compreenderia na totalidade (mais ou menos como acontece com O Pequeno Príncipe, entende?). Também não é ingênuo, pois o drama que cerca a vida do protagonista se molda de maneira clara, sem muitos rodeios. Da mesma forma, não é superficial, afinal, as situações inverossímeis servem apenas para ofuscar os reais conflitos pelos quais o menino está passando! Bem, definitivamente ainda não encontrei um adjetivo para classificar Noah... Gostei demais das metáforas, os diálogos e o fio condutor do enredo são inteligentes, os personagens são, no mínimo, curiosos... mas o final é frágil, acredito que isso o deixa o tal gostinho de 'quero mais'. Vale tentar!

A batalha do apocalipse (Jan/2012)

É em razão de obras como A batalha do Apocalipse (Eduardo Spohr, Verus) que deve haver livros leves! Levei quase uma semana digerindo essa densa narrativa... Cada passagem teve de ser bem analisada; cada personagem bem construído mentalmente; cada trecho importante bem gravado poara ser resgatado mais tarde. Apesar de a narrativa me fazer lembrar outras aventuras bem mais simples (ver nota abaixo), a riqueza com que o autor pinta os ambientes, os personagens e as situações é surpreendente, assim como o domínio que ele revela da matéria é digno de aplausos: as características dos anjos e suas castas, suas relações de poder, assim como suas falhas, são fascinantes! Amei o livro... apenas não gostei do epílogo! Não que desejasse um final infeliz, afinal é ficção e finais felizes são bastante comuns nesse estilo, mas esperava mais: desejei algo diferente de Ablon - o anjo protagonista, primeiro-general renegado - e sua trajetória! Apesar disso, quero ler Spohr de novo. Está na minha lista!

Nota:

Ao citar outros autores na postagem sobre Spohr não o faço desmerecendo a obra de uns ou outros, é que muitas vezes as comparações são consideradas esdrúxulas por outros leitores, então, resolvi esclarecer. Posso afirmar, por exemplo, que a narrativa me fez lembrar de Rick Riordan; explico: quando Riordan desenvolve as ações para seus 'deuses', ele os coloca diante dos homens e dos acontecimentos como responsáveis por uma série de incidentes "reais", como se fossem os articuladores de, por exemplo, guerras que assolam a humanidade, modificando situações e lugares, transformando - muitas vezes destruindo! - o que havia lá. Nesse sentido, A batalha do Apocalipse se aproxima muito, pois os arcanjos têm ações bastante semelhantes aos deuses supracitados: são eles que determinam o rumo dos fatos, que marcam o 'destino' dos humanos como se, com um dedo, pudessem realizar coisas fantásticas ou terríveis! E mais: muitas vezes associei o arcanjo Lúcifer, de Spohr, ao deus Hades, de Riordan, com suas múltiplas faces, seus jogos de interesse, seu cinismo... de fato, os jogos de poder dos arcanjos em muito se assemelham aos promovidos pelos deuses do Olimpo, de Riordan. Um pouco mais séria, talvez, seja a possível comparação com o trabalho magnífico de J.J. Benítez... mas, vá lá! Acredito ter esclarecido a relação sugerida, embora aberta a críticas e/ou comentários. Era isso...

Não conte a ninguém (Jan/2012)

Para compensar a morosidade na leitura de A batalha do Apocalipse, li Não conte a ninguém (Harlan Coben, Arqueiro) em menos de 24 horas. Confirmando a 'teoria' expressa em Quando ela se foi, a leveza da obra colaborou com o ritmo da leitura, associada à empolgante narrativa policial em torno do assassinato de uma jovem de 25 anos e as consequências desse fato terrível na vida do marido da vítima, oito anos depois. Outro ponto que me chamou bastante a atenção foi a facilidade com que Harlan mistura as vozes narrativas, de forma que ora se lê a voz do marido, em primeira pessoa, ora o relato em terceira pessoa, com narrador onisciente, apenas quatro ou cinco parágrafos a seguir! Essa estrutura intercalada do narrar é ágil e não esconde muito ao leitor situações que vão ajudando a elucidar o conflito, o qual envolve um número tão grande de personagens que 'dá voltas', apresentando um elemento novo no final, na velha 'puxada de tapete' que objetiva deixar o leitor abismado! Bom, fácil, rápido...Excelentes ingredientes para uma leitura de férias! Pena não ter trazido mais Harlan Coben comigo...

A megera domada (Jan/2012)

A cada verão releio um Shakespeare. O eleito desse ano foi a hilária peça A megera domada (L&PM Pocket)... A obra fez parte de um projeto de leitura - da mais memorável das sétimas séries - e era uma adaptação infanto-juvenil, de fato, muito boa, extremamente divertida, mas que deixava a desejar quanto ao original no que se refere ao vocabulário... É justo nesse ponto que a obra, traduzida por Millôr Fernandes, reflete o espírito da época em que se insere - século XVI - e o perfil grosseiro e desajeitado dos protagonistas: Petrúquio e Catarina. Uma história de amor fora do comum revela-se aos olhos do leitor, surpreendendo pelo grau de ironia e pelas situações inusitadas promovidas pelos diálogos afiadíssimos! Assim como havia acontecido em 2006, dei boas risadas... confirmando a perenidade do clássico! Aconselho...

Não ficção (Jan/2012)



Apesar de não ter o hábito de ler não ficção, acabei apreciando dois deles, em sequência, nesse período de férias. Desde 2009 tinha guardado O livreiro de Cabul (Äsne Seierstad, BestBolso), mas ainda não tinha encontrado vontade de ler; interessante que, mais uma vez, me deparei com um tema mais que batido, de alta vendagem, várias vezes trabalhado em projetos de leitura - o Afeganistão - e pude perceber que, seja na ficção ou fora dela, não há muita diferença: desde O caçador de pipas (livro que me marcou profundamente!) tenho visitado o tema reiteradamente, até chegar à história real de Enaiatolah (Existem crocodilos no mar) no ano passado e agora com a também verdadeira história do livreiro Sultan Khan e sua família, sendo que todas as narrativas têm, sempre, pontos de contato. O que mais me perturba nelas são as ausências: de felicidade, de sonhos, de amores, de ideais... Em O livreiro..., dentre todas as situações vivenciadas por Äsne, a que mais me chocou foi, sem dúvida, o vazio da vida de Leila, a jovem de 19 anos que sabe desde sempre que sua vida será invariavelmente igual: ser obediente, cheirar a pó e a comida, escondida numa burca! É desolador...
Em seguida, li Lendo Lolita em Teerã (Azar Nafisi, BestBolso). Ganhei o livro no ano passado, de uma colega que disse ter lido pensando em mim. De fato, a identificação foi imediata! A autora iraniana relata uma experiência lindíssima de como burlou um regime de opressão imposto pelo aiatolá Khomeini e reuniu um grupo de sete jovens para ler ficção em literatura inglesa e discutir os grandes temas apresentados nas obras selecionadas. Pode parecer piegas me referir à narração como uma lição de vida, mas foi exatamente assim que percebi as histórias das oito mulheres reunidas às quintas-feiras, todas vistas sob o ponto de vista de Azar (inclusive ela mesma, e muitas vezes elementos de sua família, pois os encontros se davam em sua casa)... todas vistas sob a perspectiva da memória! Nesse resgate, a cada obra lida e analisada, a vida delas também o era, de maneira que um pouco de Austen, Twain ou Nabokov, por exemplo, passava a ser um pouco delas mesmas. Como professora de literatura, as citações e as análises literárias de Nafisi acrescentaram muito, embora conheça muita gente que, mesmo não pertencendo à área, gostaria da narrativa, do que ela representa e do que ela 'deixa' no leitor: a sensação positiva de que é possível, em meio ao caos, a serenidade; em meio às frustrações, a vitória; em meio às privações, os voos da intelectualidade... e esses, não há quem os sonegue! Recomendo...

13 de novembro de 2011

Preciso recomeçar...



As leituras se acumulam nessa época de muito trabalho e pouco tempo, mas o que mais me chateia é não escrever sobre elas! :(

25 de agosto de 2011

"Comovente. Irônico. Admirável." (Grazia)

De fato, Existem crocodilos no mar (Fabio Geda, Ed. Fontanar) é tudo isso e mais um pouco!

Comovente na medida, sem extrapolar nem cair em melodramas existenciais (que me fariam, certamente, chorar!), apesar do sofrimento impresso em cada partezinha tirada da memória... Irônico no poder da palavra, o que é grandioso no relato, principalmente por vir das lembranças do protagonista... Admirável pelo grau de sensatez a partir da qual a narrativa é apresentada, atendo-se somente ao que importa de verdade ao narrador personagem: os fatos!

Fatos terríveis, inicialmente por ser deixado pela mãe; mais terríveis ainda por ter de se virar sozinho no universo cruel do Afeganistão; ainda piores, pela trajetória seguida por Enaiatollah para fugir de seu destino... encontrando pelo caminho seres que são quase impossíveis de descrever e que talvez por isso mesmo o narrador tenha decidido apenas caracterizá-los com maus e bons!

Espantosamente belo e corajoso! Encantador...

9 de agosto de 2011

A guerra dos tronos

Comprei, entusiasmada, A guerra dos tronos (George Martin, Ed. Leya), apesar do tamanho e da minha falta de tempo, mas como sempre acredito que o melhor quando não se tem tempo é encontrá-lo, pensei que não encontraria problemas e o levei, dentre outras obras, para uma viagem, no recesso de julho. Ironicamente, passei a minha mísera semana de descanso lendo outras coisas e "fugindo" do tijolo...


A narrativa é intrigante, com muito mistério, muitas aventuras e intrigas em torno de uma batalha pela sucessão de um trono! Tudo de que gosto, mas num ritmo que não colabora... Adoro capítulos que se entrelaçam, com as pequenas narrativas paralelas se unindo e apontando "caminhos" para o desenvolvimento da trama, nessa obra, contudo, não percebi essas relações com fluência! Como boa leitora, segui aos tropeços e num determinado ponto (já quase desistindo!) encontrei o rumo: achei o encanto da obra!... Agora, encaro outro problema: preciso ler os outros dois volumes já!!! Quem entende essa leitora, não?!?!


P.S.: esse livro cheira muito bem!