"Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas." Ferreira Gullar



28 de novembro de 2009

E aí?...

Quantas vezes a gente tem de fazer coisas de que não gosta? (...sempre!)
Quantas vezes a gente tem de passar por situações difíceis a ponto de acreditar que não vai conseguir vencer? (...quase sempre!)
Digamos que essas sejam situações corriqueiras no cotidiano de pessoas comuns, que ora apreciam algo, pra daqui a pouco rejeitar outra coisa parecida! Então, é mais ou menos por aí que vejo o que aconteceu com meus queridos (e teimosos!) alunos no último projeto de leitura: quantas vezes a gente tem de ler uma obra que considera difícil (mesmo que a Lu diga que vale a pena!) e chega ao final com "gosto de quero mais"? Resposta fácil: quase nunca, não é?
Pois afirmo que, a partir de agora, será mais fácil encontrar nesses leitores um bom grupo disposto a evitar pré julgamentos... um excelente grupo menos cético (com menos narizes torcidos!), mais envolvido com as propostas e com predisposição para desvendar o que há de fantástico no maravilhoso universo da literatura!
Posso estar delirando (o que não seria novidade! hehehe...), mas acredito que conquistamos algo novo agora! Meus amados foram finalmente fisgados... estão envolvidos até os ossos... desejam mais, e o bom é que nós sempre temos o que oferecer!

7 de novembro de 2009

Admirável gado novo

Estranhando o título?!? Pois é... como já postei comentário sobre Admirável mundo novo, não pretendo fazê-lo novamente... acho que já disse muito! Quero aproveitar apenas para sugerir a leitura da letra da canção de Zé Ramalho - Admirável gado novo - e proporcionar ao atento leitor do 2° ano um momento de reflexão para o que aponta Huxley no seu livro de 1930... como vamos nos livrar do destino pintado pelo autor se agimos como o gado apontado aí embaixo? Se apenas funcionamos como "massa de manobra"?

Oooooooooh! Oooi!
Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber...
E ter que demonstrar sua coragem
À margem do que possa parecer
E ver que toda essa engrenagem
Já sente a ferrugem lhe comer...
Êeeeeh! Oh! Oh!Vida de gado
Povo marcadoÊh!Povo feliz!...
Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal...
E correm através da madrugada
A única velhice que chegou
Demoram-se na beira da estrada
E passam a contar o que sobrou...
Êeeeeh! Oh! Oh!Vida de gado
Povo marcadoÊh!Povo feliz!...
Oooooooooh! Oh! Oh!
O povo foge da ignorância
Apesar de viver tão perto dela
E sonham com melhores tempos idos
Contemplam essa vida numa cela...
Esperam nova possibilidade
De verem esse mundo se acabar
A Arca de Noé, o dirigível
Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar
Não voam nem se pode flutuar...
Êeeeeh! Oh! Oh!Vida de gado
Povo marcadoÊh!Povo feliz!...
Lê e reflete... depois conversamos em aula! He he he...

1984

George Orwell é um escritor controverso. Há quem o ame e quem o odeie! Mesmo sabendo disso - ou até mesmo por sabre disso! - a escolha de 1984 para o projeto do 1° ano é especial! Temos nas três salas um número significativo de bons leitores, capazes de compreender o complexo universo pintado por Orwell há quase um século e fazer disso tema
  • de debates entusiasmados,
  • de relações com a sociedade moderna (em especial com as de regime totalitário),
  • de especulações em torno das motivações do autor,
  • de questionamentos sobre a essência do homem,

e tantas outras quantas forem possíveis... afinal, o livro é encarado como uma distopia (ou utopia negativa) e aponta para um processo que desejamos negar, mas que é factual: a luta do homem para permanecer são diante de uma sociedade doente!

O Sorão tem me ajudado muito com a obra, mas acredito que só atingiremos os objetivos quando nossos alunos questionarem o que está implícito no trabalho desse escritor crítico do começo do século XX! Não afirmo com isso que tenhamos uma resposta pronta... ela deve ser construída em cada novo leitor e discutida pelos grupos, só assim compreenderemos a beleza por trás da obra fantástica (em vários sentidos!!) de Orwell.

O ladrão de raios

Procurar um livro para o projeto de leitura não é fácil! A gente lê incansavelmente e se dá conta de que o mais complicado é atingir o aluno, fazer com que ele "queira" ler e discutir a obra, que troque experiências com os colegas e os estimule na leitura etc... Fica um pouco pior essa tarefa quando um bom grupo de alunos leitores diz que quer algo novo, uma aventura(!) legal, entusiasmante, intrigante... E aí fico me perguntando se, ao atendermos essa 'vontade' de nossos pequenos leitores não estamos deixando de lado o grande propósito do projeto: produzir leitores críticos e atentos aos mais diferentes tipos de obras.
Bom, considerarando esse último tópico, ponto pra eles, afinal só querem um livro 'legal', não pedem pra deixar de ler... e justamente por ter concluído que valeria a pena tentar, fui atrás de uma obra nova, que não estivesse programada e que trouxesse o que eles tanto queriam: ação! O ladrão de raios (Rick Riordan) foi um achado!! Mistura de realidade e ficção, brinca com a mitologia, como se os deuses fossem capazes de alterar o rumo da nossa história, mas também aponta para a situação de crianças e jovens que se veem envolvidos com a hiperatividade, tema abordado de maneira sutil, com delicadeza de quem conhece o que diz.
Aos que gostam de ação, aventura e tramas complicadas, o livro é uma boa pedida, assim como para os fãs de sagas, pois já são três livros publicados no Brasil! Na sequência: O mar de monstros e A maldição do Titã. Esses prometem...

Dewey

Até ler Dewey (Vicki Myron), eu acreditava que tudo que se podia ler sobre a relação do homem com seus animais de estimação já tivesse sido dito em Marley & eu. Puro engano! O que estava guardado em Dewey não só era completamente novo, como também surpreendente. Não a história do gatinho corajoso que sobrevive à rigorosa noite de inverno dentro da caixa de coleta da biblioteca onde Vicki trabalha, mas a do gato que não apenas se adapta ao espaço onde vive, mas que também "ganha" as pessoas, aprende a lidar com suas fraquezas, ansiedades, sofrimentos e as acolhe como quem apoia um amigo e quer ofertar mais que conforto... quer que sibam que está ali, vivendo em parte por elas e para elas. É uma lição de vida! Repito, não por ele, mas através dele e da história da autora, marcada pela passagem importante de Dewey em sua vida... Belíssimo!

Às vezes, sumir é uma necessidade...

Opa! Depois de vários dias (só pra ser delicada...) volto à tarefa!
Escrever sobre uma das minhas grandes paixões nem pode ser encarado como tarefa - pelo menos não como árdua! - mas toma tempo e prescinde concentração, algo que estava faltando no último mês e meio... Mas os projetos da escola chegam e a vontade de escrever sobre os livros que os envolvem é enorme, então, tenho de dar vazão ao desejo. Será isso mesmo (desejo de "falar" sobre os livros?), ou será que finalmente encontrei no blog uma forma de representar minha paixão pela literatura? ...ou apenas quero um espaço para trocar experiências sobre leituras? ...ou...? Na verdade, não faz muita diferença o que me move, mas como atinjo meus leitores e que tipo de contribuição posso oferecer a eles.
Se não puder mais acreditar nisso, não terá sentido continuar escrevendo! Vamos aos trabalho, então...

13 de setembro de 2009

e a história continua...

Stieg Larsson continuou me surpeendendo com A menina que brincava com fogo! Incrivelmente bem contada, a história da protagonista mais esdrúxula que já vi - Lisbeth Salander - continua intrigante, recheada de ironia envolvendo questões sociais sérias que o leitor sabe serem possíveis, embora muito escabrosas... O tráfico de mulheres é a temática central, tratada de forma cruel e envolvendo um esquema tão bem montado de corrupção que dá nos nervos! Apesar do peso das revelações envolvendo essa severa trama social, há as aventuras incríveis da hacker maluquinha e do Superblomkvist! Um prato cheio... de boas surpresas!

19 de agosto de 2009

Os homens que não amavam as mulheres

Os livros são, mesmo, muito mágicos!
Isso é mais que uma constatação... é a explicação que encontro no momento pra o que eles representam na minha vida: quanto mais eu leio, mais quero ler e me encantar com esses universos fascinantes que os livros me apresentam! A última descoberta (que, na verdade, já estava há algumas semanas na prateleira da minha estante!) foi o fantástico romance de Stieg Larsson, Os homens que não amavam as mulhers. Mistura bárbara de economia, História, cultura... a narrativa se passa na Suécia e aborda como pano de fundo as peripécias de um casal de protagonistas dos mais estranhos que já vi tentando resolver um crime e se deparando com os mais diferentes tipos de intrigas sociais e políticas. Legal é perceber a relação de tudo isso com o título... É show! Super indicado para quem gosta de aventura e mistério...

13 de agosto de 2009

A magia de Drummond...

A flor e a náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
(...)

Uma flor nasceu na rua!
(...)

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
(...)
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade

16 de julho de 2009

É tarde para saber...

Depois de tanto tempo fui me lembrar dessa leitura incrível, que tanto me encantou na juventude! É tarde para saber (Josué Guimarães) é um daqueles livros eternos... li aos doze, mais ou menos (até porque não tenho lembranças tão nítidas assim da adolescência!), e reli pelo menos duas vezes nos últimos anos. A temática é básica: um amor impossível! A abordagem é que a distingue de tantas outras histórias do gênero... o período da Ditadura Militar no Brasil (64) e o contraste entre as classes sociais e seus valores: ela é rica e ele, pobre. E o final... bom, o final eu deixo pra tua curiosidade buscar, afinal, é nele que o título faz toda diferença!
Indicação: cinco estrelas!

13 de julho de 2009

O leitor

Escrever sobre personagens masculinos de quinze anos me fez lembrar de outro livro incrivelmente bem escrito, embora adote outra linha de abordagem, que é O leitor (Bernhard Schilnk). Intrigante relação a do casal protagonista, suas diferenças atuando de forma que eles se quisessem mais, em vez de apartá-los, promovendo uma leitura muito intensa dos sentidos, do erotismo, da sensualidade, sem cair na promiscuidade! Tocante e complexo o que se desenvolve entre eles, capaz de deixá-los presos até o final... que não corresponde ao de um conto de fadas, nem mesmo dos mais modernos!

Futebol X família

O segundo tempo (Michel Laub) é uma daquelas histórias - as quais eu já citei em outras postagens - que eu não pararia para ler não fossem os projetos da escola. Mas como eles existem, felizmente, pude conhecer uma obra surpreendente! Mesclar futebol e relação familiar não é tarefa simples, ainda mais quando o primeiro tem de funcionar como um elemento catártico para dar vazão ao segundo... tarefa difícil, delicada, principalmente quando se pensa que quem tem de vivenciá-la é um jovem de quinze anos em sua relação com o irmão menor, de onze. Bom escritor esse portoalegrense! Esse é um daqueles livros que o Pedro, meu primo devorador de livros, iria gostar de ler!

Estranho...

Penso que esse seja um bom adjetivo para O estranho caso do cachorro morto (Mark Haddon). Além de estranho... poderoso! Que fascinante capacidade a do autor, de invadir a mente de uma criança especial e transformá-la numa narrativa envolvente, com uma trama policial bem montada, com a pitada de drama na medida certa... Incrivelmente bem escrita a história de Cristopher. Vale a torcida pelas suas conquistas até a última página, quando todo o mundo dele fica em aberto, possibilitando uma infinidade de leituras... Lindo! Encantador!

4 de julho de 2009

... e veio o AMANHECER!

E com ele a sensação de que a série não podia terminar!
Apesar das situações inverossímeis apresentadas no último livro da série de Stephenie Meyer, há o desejo de saber o que de fato aconteceria ao casal mais famoso dos últimos tempos: Eduard e Bella... O livro é bom, encantador, diria até sedutor... pena que continua o gosto de "quero mais"...

15 de junho de 2009

CREPÚSCULO

Difícil não se apaixonar pela série de Stephenie Meyer... Crepúsculo é um livro belíssimo, bem light, de fácil leitura, carregado de emoção e magia, suspense na dose certa e um amor impossível comparável a ótimas obras da literatura mundial... fantástico! Apesar de ter lido na Veja que o público da autora é formado por "adolescentes românticas de 14 a 19 anos" (e estou completamente fora desse quadro!), não desanimei, acho até que descobri certa nostalgia, de uma juventude perdida...
Lua Nova, segundo livro da série, não foi tão bom quanto o anterior; é uma sequência fraquinha, desprovida da boa adrenalina desprendida em Crepúsculo, mas ainda assim sedutor, mais porque o leitor quer saber o que vai acontecer do que por necessariamente ser bom! Enfim, Eclipse retoma o fôlego do primeiro livro e compensa a espera... empolgante, acelerado, incrivelmente belo é o terceiro livro da série!
Agora, é só esperar Amanhecer...

25 de maio de 2009

Que pena...

Faz mais de vinte dias que postei os poemas do 'poeta maior'...
Faz mais de vinte dias que convidei os queridos do 1º ano para a viagem...
Faz mais de vinte dias que eles simplesmente me ignoraram!!!!!!!!!!!!!
Mas não vou desistir... não vou esmorecer... eles continuam bem-vindos!
Boas leituras!

23 de maio de 2009

EMOÇÃO X ADRENALINA

O que me cala profundamente é perceber uma verdade que escapou dos lábios de alguém, um gesto que era pra ser invisível mas eu vi, um olhar que disse tudo, uma demonstração sincera de amizade, um cenário esplendoroso, um silêncio que se basta.
(...) Contemplar um lago, rever um amigo, rezar para seu próprio deus, ver um filho crescer, perdoar, gostar de si mesmo: tudo isso é gigantesco para quem ainda sabe sentir.
(Martha Medeiros, Doidas e Santas. P.90)

Quando a morte conta uma história...

... você deve parar para ouvir!
A menina que roubava livros (Markus Zusak) é simplesmente fenomenal... livro obrigatório para todos os que fazem da literatura um prazer...
Na Alemanha da 2ª Guerra, Liesel Meminger descobre a força por trás de uma infância de dor, saudade, medo, frustração... e amor!
Impossível parar de ler... tem gosto de 'quero mais'!
Enjoy!

1 de maio de 2009

OS POEMAS

PARA OS MEUS LEITORES DE POEMAS, OUTRA (DELÍCIA!!) DE MARIO QUINTANA

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

INVITATION AU VOYAGE

(Mario Quintana)

Se cada um de vós, ó vós outros da televisão
- vós que viajais inertes
como defuntos num caixão -
se cada um de vós abrisse um livro de poemas...
faria uma verdadeira viagem...
Num livro de poemas se descobre de tudo, de tudo mesmo!
- Inclusive o amor e outras novidades.

21 de abril de 2009

PROJETO M2


Evito falar muito de O vendedor de sonhos (ver primeiras postagens do ano!), pois acredito que é uma obra ímpar: deixa um significado diferente para cada um que a lê. Como professora, falou-me de perto, fez-me questionar minha prática... como mulher, deu-me outra visão do comportamento feminino no contexto social... como pessoa, trouxe-me a possibilidade de avaliar o estar no mundo!
Em todos os sentidos, fez-me pensar muito em Drummond, o poeta Carlos Drummond de Andrade, que usava a poesia como forma de "despertar o homem" e fazê-lo desejar lutar por uma causa, mobilizá-lo diante dos conflitos, sacudi-lo! Sempre gostei de Drummond, desse lado de sua poesia capaz de produzir no leitor o sentido do fazer, do cumprir, do questionar-se... envolvido social e historicamente! Talvez por isso as minhas marquinhas continuem lá... páginas dobradinhas para serem relidas e refletidas, exatamente como faço nos livros de Drummond, principalmente no Sentimento do Mundo, em que os poemas sussurram em meus ouvidos propostas de mudança, possibilidades do novo...
Interessante é que Martha Medeiros também consegue promover esse tipo de sensação nos leitores de suas crônicas! Elas mexem conosco, pois traduzem situações que podem ser facilmente vivenciadas no dia a dia, deixando ao leitor o trabalho de compreendê-las... As turmas de 2º ano foram presenteadas com obras grandiosas! Agora é aproveitá-las...

14 de abril de 2009

"Ah! Admirável mundo novo..."

Admirável mundo novo (Aldous Huxley) é um romance singular! Daquele estilo que Graça Aranha inaugurou em nossa literatura Pré-modernista - o do romance de tese! - em que dois personagens dialogam interminavelmente, um deles na tentativa de defender algo indefensável: uma sociedade futurística baseada em princípios nada ortodoxos e que aposta numa falsa felicidade eterna.
Numa rica mistura de castas, seres humanos de várias espécies (numa pluralidade como a que se vê hoje) são projetados por máquinas e crescem independentes de relações familiares, aprendendo "lições" durante o sono (hipnopedia) e acreditando que cada um pertence a todos, num ritual quase promíscuo de sexualidade, sem jamais envelhecer fisicamente. Nesse ambiente que se supõe ideal, e no qual se prima constantemente pela felicidade, surge o contraponto: o Selvagem! Aquele que, tendo nascido de uma mãe (ofensa!) e crescido fora desse mundo estável e progressista, contraria todas essas leis e as subverte em nome de suas crenças antigas (num lugar em que o antigo é considerado abominável e em que atitudes solitárias não devem existir!), e de um desejo de felicidade mais verdadeiro, nem que se dê a partir do sofrimento. É aí, então, que surge o desequilíbrio, assim como, também, o desejo do diferente, que faz as pessoas (re)pensarem (com uma boa dose de Shakespeare!) suas existências banais... ...
Uma obra incrível, principalmente se pensarmos que foi escrita em 1932, numa época em que a noção de futuro era muito vaga, mas que mesmo assim sugere temas atuais, como por exemplo o questionamento da influência da tecnologia na construção de um homem cada vez mais individualizado e desumanizado!

13 de abril de 2009

PROJETO 8ª

Não preciso escrever mais nada sobre o incrível Lemniscata,
de Pedro Drummond (basta dar uma olhadela na postagem
sobre ele e visitar o site para saber...)!
Em compensação, as crônicas de Ponte Preta em Dois amigos e um chato são dignas de nota, não somente pelas histórias fantásticas que nos conta com excelente senso de humor, mas também pela linguagem extremamente direta e acessível.
Ler crônicas significa invadir o universo cotidiano retratado aos pedacinhos, em textos curtos e sem nenhuma relação aparente. Por essa mesma razão é que a crônica figura, hoje, como o gênero textual mais lido, afinal, a leitura pode ser interrompida a qualquer momento que não se perde o fio condutor e, às vezes (como no caso de Ponte Preta), as narrativas sempre curtas podem ser abordadas sob forma de piadas...
Ambos são ótimos, ainda que por razões diferentes... não dá pra desgrudar os olhos do primeiro e não dá pra ignorar o último!

Algumas leituras mais tarde...

Depois de algumas semanas sem postar, volto com ânimo renovado... Fiz algumas excelentes leituras, principalmente relacionadas aos Projetos de Leitura da escola e (normal!) me apaixonei por mais alguns livros!
É interessante como o início do ano letivo é exaustivo... mas compensador; ao envolver-me com as novas turmas, com os conteúdos e aulas on-line para, em seguida, começar a preparar as avaliações... não consegui encontrar um espaço para esboçar minhas impressões sobre uma das coisas de que mais gosto: ler!! Porém, penso que tenho sorte de ter encontrado dentre os novos alunos alguns amantes dessa arte fantástica que é a Literatura... Alunos que, juntamente com aqueles que já demonstravam afinidade com a leitura, revelam no dia a dia o prazer de descobrir situações que uma boa história pode contar... que se fascinam diante do espetáculo de uma boa poesia... que se deliciam na elaboração de textos, brincando com a criação literária!
É pensando nesse grupo maravilhoso que elaboro essas postagens... mas com direito a retorno, hein?!?

24 de fevereiro de 2009

Dom Quixote


Clássico é clássico!

Não importa se reeditado, adaptado ou reinterpretado por outras artes, é inquestionável o poder de um clássico! Por mais difícil que seja ler um na atualidade (tempo em que as informações são tão velozes que mal temos tempo de assimilá-las!), sempre se tem o que admirar... é o que acontece com O engenhoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes. Apesar da linguagem distante da simplicidade do internetês, é possível observar um pouco das características marcantes de uma obra imortal, principalmente na construção de um herói - mais anti-herói impossível! - que parte em busca de reconhecimento por seus grandes feitos - nem um pouco grandiosos! - e quer agradar seu amor - que nem sabe que ele existe! Esse mix de doidos efeitos associado à evidente insânia do protagonista faz de Dom Quixote uma obra digna de leitura entusiástica.
Queres saber por quê? Simples... Ela nasceu para questionar! Numa época em que livros sobre cavaleiros faziam sucesso, Cervantes criou o novo, despertou o público para o risível, ridicularizando a seriedade com que eram tratadas as Novelas de Cavalaria.
E mais: uma obra que tem mais de 400 anos e é o segundo livro mais lido no mundo (só perde para a Bíblia...), não pode ser desprezada! É fantástica a mistura de real e ficção proposta por Cervantes, é um dos pontos altos da obra... e surge justamente na medida em que a visão distorcida do fidalgo encontra apoio no senso prático e responsável de seu fiel escudeiro! Belíssima relação a desses personagens! Digna, honrada...
Precisas de que mais pra começar a leitura? Sê bem-vindo...

12 de fevereiro de 2009

* Amizade *

Fui hoje à casa de uma amiga que adora novelas. Não uma amiga qualquer... é daquelas que se leva para a vida inteira! E olha que há pouca coisa em comum entre nós... mas faz 32 anos que convivemos - entre idas e vindas, mais dela que minhas - e isso é tempo suficiente para que se conheça alguém. Então, o que tem a ver ela ser minha amiga mais antiga e gostar de novelas? É que gostos são indiscutíveis (isso é fato, todo mundo sabe!) e eu odeio novelas!! Aliás, odeio TV... só assisto aos telejornais para não me tornar uma alienada (se bem que de vez em quando gostaria de ignorar alguns fatos...).
Acontece que no meio de uma conversa ela perguntou se eu conhecia o outro livro do Kahled, o do Caçador de pipas, e eu fiquei super feliz! Mesmo eu não sendo simpatizante de novelas, redescobri que ela é uma simpatizante do mundo dos livros e tinha lido o estupendo O Caçador de pipas. Ah... e como eu sofri com essa leitura... como chorei! Ele me deixou tão angustiada que eu até hoje não assisti ao filme (e ainda não pretendo!)... não consigo me imaginar passando por tudo aquilo de novo!! Mas já não aconteceu da mesma forma com A Cidade do Sol. É muito bom, também mexe com o leitor, mas não o considerei tão intenso como o anterior.
Isso tudo também me fez pensar que eu detesto não ter os livros que leio! Já perdi muitos emprestando, principalmente para alunos, mas ainda assim prefiro comprá-los a tomá-los emprestado. Agora mesmo, minha amiga queria ler A Cidade do Sol e eu não o tenho!! Ela vai ficar na vontade até que encontre alguém que o tenha... Ou seja, preciso comprá-lo, urgentemente! É uma linda e triste história de amizade entre duas mulheres e ela precisa ler!
Isso tudo, associado ao fato de ela ter me contado alguns detalhes da nova novela da Globo, ainda me fez lembrar de outra história de amizade: o comovente A distância entre nós, de Thrity Umrigar. A história se passa na Índia e traz como protagonistas duas mulheres que se sabem muito próximas, mas ao mesmo tempo são separadas pela classe social, o que não só as distingue, como também marca seus destinos.
Quando o tema é amizade, qualquer dos três é uma boa pedida... mas se queres decidir qual o melhor, arregaça as mangas e... bon voyage!

9 de fevereiro de 2009

∞ Lemniscata ∞

Talvez o maior acerto dos últimos anos em projetos de leitura na escola tenha acontecido no ano passado, no 2º ano, com a escolha de Lemniscata, o enigma do Rio (Pedro Drummond)!
O livro tem uma história fantástica... é um romance de ação que lembra muito o excelente O código Da Vinci, de Dan Brown (o livro, é lógico!). A maior parte da ações se passa no Rio de Janeiro e as personagens têm boa dose de beleza, carisma e inteligência... que, misturados, são suficientes para seduzir o leitor!
Se tu ainda não leste, é bom dar uma olhadinha no site http://www.lemniscataolivro.com.br/... tenho certeza de que vais gostar! Quem já leu... bem, esses também podem passear por lá e observar cenários, ambientes, objetos e outros artefatos utilizados para compor a história! É muito legal!
Esse também merece cinco estrelas...

5 de fevereiro de 2009

Quando a ficção se mistura à realidade...

Nesse período enlouquecedor em que não tive livros para ler (estava em Santa Vitória e não sobrou nada na bagagem!!), fiquei repensando sobre os mais mais, sabes?!? Aqueles que ficam gravados, que deixam marcas tão fundas a ponto de, às vezes, te perguntares qual a fronteira entre a realidade e a ficção... e resolvi que escreveria especialmente sobre um deles!
Precisamos falar sobre o Kevin (Lionel Schriver) é um daqueles livros de perder o fôlego!!! Lembro bem das sensações que tive ao lê-lo: angústia crescente, ansiedade, medo, vergonha, raiva... tudo misturado! Na descrição de uma típica família norte-americana, a autora nos faz encarar um drama social - os assassinatos nas escolas, provocados pelos adolescentes - que não é menos familiar: o foco na mãe de Kevin, o assassino. Mas não penses que é um relato melodramático, choroso, pintando uma mãe desolada por não saber onde errou... é um texto seco, sem enfeites no que concerne à alma humana, apresentado através de cartas - como se a mãe as fosse escrevendo diariamente a um marido ausente - em que ela nos mostra o filho desde o nascimento até a entrada na idade adulta, já preso pelos crimes que cometera.
Nada, em nenhum momento nos meus anos todos de leitora, me preparou para o que encontrei em Precisamos falar sobre o Kevin!! Nada me preparou para a difícil tarefa da ler a crueldade humana escancarada... para a maldade que a autora mostrou nascer com o homem... para o egoísmo e o sadismo transbordantes em Kevin... Choca! Maltrata! Faz pensar!
Todos os pais deveriam lê-lo! Pois é quando a ficção se mistura à realidade que vemos quão boa é uma obra... e nada alivia o peso da descoberta final!

29 de janeiro de 2009

Preconceito... mas não só!

Tem uma comunidade no orkut que se chama 'Época triste é a nossa...', e quando me convidaram para participar, acabei aceitando, não sei bem se porque gostei da imagem - um negro e um branco sentados lado a lado tapando a boca um do outro!! - ou se a continuação da 'frase-título' me instigou ('...em que é mais difícil quebrar o preconceito do que um átomo'. Albert Einstein)! Só sei que hoje, meses depois, a comunidade tem bem poucos participantes, uma única comunidade com a qual se relacione e nenhum fórum para participar... Creio, então, que a abordagem do tema não agradou!!
Mas deves estar te perguntando o que uma comunidade do orkut tem a ver com esse blog, não é mesmo? Acontece que essa foi uma das primeiras coisas de que me lembrei ao olhar a capa muito bem bolada do livro da Marcia Kupstas, De tanto bater, meu coração se cansou. Felizmente, não é só a capa que é legal, o livro tem uma história muito bem contada, que de maneira envolvente revela as facetas do preconceito numa sociedade incrivelmente igual a nossa... Quando as personagens são apresentadas, o que se dá logo no começo da trama, já se percebe que a autora não faz rodeios, diz a que veio com naturalidade, com domínio do assunto! E que domínio... (há um pequeno deslize no final do capítulo 7, parte III... percebes?!?)
Mas não é só o assunto preconceito que faz a obra interessante... difícil foi fugir aos padrões que a autora cria para os professores do COVISBE... os grupos nos quais eles acabam inseridos por Lúcio são espantosamente aqueles que vemos, de fato, nas escolas particulares... mesmo que tenha sido complicado encontar um só grupo em que me enquadrar!!
Bom... seguramente, Marcia Kupstas conhece sobre o que escreve... e aí está mais uma boa sugestão de leitura! Aproveita...

26 de janeiro de 2009

O domador de ventos (???)

Normalmente, eu não compraria um livro chamado O domador de ventos... (P.R.Morrison). Acontece que nem tudo é como imaginamos! Então, de repente, por causa de um projeto de férias da escola, acabei por comprá-lo e, logicamente, lê-lo...
Impressionante como os nomes e as capas dos livros escondem maravilhas!!! E foi acontecer logo comigo (pra quem não sabe, vivo dizendo a meus alunos que não escolham um livro pela espessura ou pela capa!!)... Sinceramente, ele não me chamava a atenção em nada! Pensa: uma capa azul, com um menino em cima de uma árvore, cheio de pássaros na volta (até então eu não sabia que eram 'gaivotas do gelo'!), e um nome que lembra um filme trash, daqueles que a gente paga pra não ver... pois é, acontece que o livro é um encanto!! Surpreende por se prender mais às ações que às especulações em torno de personagens que poderiam até ser meio insossos, mas que vão assumindo um caráter inteligente ao longo da obra... até a chata da mãe tem algo a esconder, que a torna intrigante na parte final! Bom mesmo, esse terceiro livro do ano... Vale mesmo como boa tarefa de férias... e também fez lembrar um primo meu, o Pedro, um desses devoradores de livro de dar gosto! Acredito que ele adoraria O domador de ventos...
Por falar em tarefa de férias, também li (nesse meio tempo, de dois dias!) a Declaração Universal do Moleque Invocado, do Fernando Bonassi... muito legal, ingenuamente criativo e, com certeza, dará muito "pano pra manga" no retorno às aulas da quinta série! Boas leituras pra nós...

21 de janeiro de 2009

O Pequeno Príncipe

Descobri uma hoje... especialmente para quem gosta de clássicos... está à venda nas livrarias uma edição em quadrinhos de O Pequeno Príncipe (Antoine de Saint-Éxupéry)! Lindo, colorido e fiel ao original, encanta adultos e crianças (sempre lembrando que essa não é uma história propriamente para crianças!)...
Além de belo, traduz valores eternos, como a amizade! Encantador...
É preciso buscar com o coração... O essencial é invisível aos olhos.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.

Comecei 2009 com excelentes leituras...

... de fato, terminei 2008 com excelentes leituras!!
1968 O que fizemos de nós, do Ventura, é uma obra no mínimo intrigante! A sutileza com que aborda fatos da atualidade comparados aos acontecimentos marcantes de 68 é a mola da obra. O que me surpreendeu mesmo no livro foi o depoimento do Cesinha! Com lucidez, e pouco 'ideologismo', vai destrinchando sua história (e que história!) e apontando para um Brasil que raramente vemos abordado, hoje. Por outro lado, me decepcionei (mais uma vez!) com o Franklin Martins; seu depoimento é fraco e exibicionista, carnavalesco, até; em compensação, o do Gabeira é muito bom! Merece aplausos o Zuenir, escritor que já tinha me sacudido com 1968 O ano que não terminou e com Minhas Histórias dos Outros, volta com tudo para repensar os acontecimentos dos últimos 40 anos!!
Voltando ao início... comecei 2009 com excelentes leituras: o primeiro livro do ano foi o surpreendente A Cabana (J.P.Young). Apesar de não parar nas prateleiras das livrarias e de estar bem cotado nas listagens de mais vendidos, o comprei de forma despretensiosa, achando que era muito confete pra pouco conteúdo... Grande surpresa... a história é muito envolvente... instigante! Mesmo assim, e embora no final do livro haja uma solicitação de 'corrente' pra alavancar a obra (!!), deve-se ter cautela... Pela espiritualidade, marca pelos valores que o homem perdeu; ensinou-me a enxergar de forma diferente o perdão...
Em seguida, li O vendedor de sonhos (Augusto Cury). Que delícia de livro!! Envolvente do primeiro ao último capítulo, é daqueles que se devora!! Deixei várias páginas marcadinhas para reler... Sem mais comentários! Deixo por conta da tua curiosidade buscá-lo... Merece cinco estrelas!!!!!