"Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas." Ferreira Gullar



14 de abril de 2009

"Ah! Admirável mundo novo..."

Admirável mundo novo (Aldous Huxley) é um romance singular! Daquele estilo que Graça Aranha inaugurou em nossa literatura Pré-modernista - o do romance de tese! - em que dois personagens dialogam interminavelmente, um deles na tentativa de defender algo indefensável: uma sociedade futurística baseada em princípios nada ortodoxos e que aposta numa falsa felicidade eterna.
Numa rica mistura de castas, seres humanos de várias espécies (numa pluralidade como a que se vê hoje) são projetados por máquinas e crescem independentes de relações familiares, aprendendo "lições" durante o sono (hipnopedia) e acreditando que cada um pertence a todos, num ritual quase promíscuo de sexualidade, sem jamais envelhecer fisicamente. Nesse ambiente que se supõe ideal, e no qual se prima constantemente pela felicidade, surge o contraponto: o Selvagem! Aquele que, tendo nascido de uma mãe (ofensa!) e crescido fora desse mundo estável e progressista, contraria todas essas leis e as subverte em nome de suas crenças antigas (num lugar em que o antigo é considerado abominável e em que atitudes solitárias não devem existir!), e de um desejo de felicidade mais verdadeiro, nem que se dê a partir do sofrimento. É aí, então, que surge o desequilíbrio, assim como, também, o desejo do diferente, que faz as pessoas (re)pensarem (com uma boa dose de Shakespeare!) suas existências banais... ...
Uma obra incrível, principalmente se pensarmos que foi escrita em 1932, numa época em que a noção de futuro era muito vaga, mas que mesmo assim sugere temas atuais, como por exemplo o questionamento da influência da tecnologia na construção de um homem cada vez mais individualizado e desumanizado!

Um comentário:

  1. comecei a ler e achei muito interessante a questão que o autor levanta: será possível que a espécie humana, que tem sentimentos e emoções viver em uma sociedade que não respeita nada disso?

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