"Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas." Ferreira Gullar



13 de agosto de 2009

A magia de Drummond...

A flor e a náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre
fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
(...)

Uma flor nasceu na rua!
(...)

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde
e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
(...)
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

Carlos Drummond de Andrade

2 comentários:

  1. Que lindo!
    (viu, viu, viu? eu sempre comento!! hahahahaha!)
    Beeijos, Lu.

    Carol.

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  2. Muito lindinho. Eu não gostava muito de poemas, mas esse ano eles têm me encantado bastante. Acho que tantos números e teorias nas aulas das exatas me fizeram fugir ainda mais para as páginas verdinhas da FTD. :P Beijos Lu, vou sentir falta das quartas feiras de manhã, podes ter certeza!

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