"Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas." Ferreira Gullar



10 de fevereiro de 2011

A pirâmide vermelha

O último sucesso de Rick Riordan repete a fórmula já conhecida na série Percy Jackson e os Olimpianos: usar a mitologia - o poder das divindades - só que dessa vez a egípcia! A Pirâmide Vermelha (Intrínseca) é o primeiro livro da trilogia As crônicas dos Kane e traz como protagonistas os irmãos Kane, Carter e Sadie, que contam a história intercalando suas vozes narrativas e um bom humor difícil de manter após as terríveis circunstâncias que presenciaram.
Talvez a tirada mais original do livro seja a maneira como essas vozes dos narradores se intercalam: através de uma gravação digital, que é transcrita pelo autor, os irmãos relatam (com direito a piadas e alfinetadas!) o que passaram a partir da véspera do Natal quando o pai - o famoso egiptólogo Dr. Julius Kane - desaparece ao destruir o Britsh Museum. Os relatos têm um ritmo acelerado e, como os irmãos são adolescentes (ele tem 14 e ela, 12), são marcados pelo mesmo estilo instaurado em Percy Jackson, com muita aventura, trocas de farpas com certos deuses terríveis do Egito Antigo e descoberta de poderes que podem mudar o rumo da vida dos jovens... e da humanidade!
Acredito que o melhor de A Pirâmide Vermelha sejam as relações que se criam entre os deuses do lado leste de New York (os Egípcios) e os que pertencem a Manhattan, numa clara alusão aos deuses gregos de Percy Jackson, o que torna Riordan um autor refinado, dado a ironias (há várias passagens no livro que apontam essa relação!) e capaz de atender às necessidades de seus leitores juvenis... e adultos, também!

Achei que já conhecia tudo que Riordan pudesse contar... ledo engano! Aguardo ansiosamente os outros dois livros da série!

2 de fevereiro de 2011

1822


1822 (Laurentino Gomes, Nova Fronteira) confirma o estilo de prosa encantadora do autor que já havia me conquistado em 1808: história contada para todos, de forma simples e engraçada! O enfoque que dá à Independência do Brasil é fantástico... Aos curiosos e bons leitores, certamente um prato cheio!

O senhor do falcão

Já passei muitas vezes por O Monge Inglês e nunca tive muita vontade de ler, mas não sei que encanto diferente tem O senhor do falcão (Valéria Montaldi, Record) que mesmo dizendo na capa que á uma história com Frei Matthew, de O Monge Inglês, não só quis ler como gostei muito!

O livro é interessante, com boa dose de suspense e personagens intrigantes... a época - século XIII - e o lugar - Milão, Itália - são componentes significativos para compor um romance em capítulos intercalados, como uma colcha de retalhos que se vai costurando aos poucos, através dos encontros (e desencontros) dos personagens, com final pouco surpreendente, mas nem por isso menos dramático! Valeu a leitura...

O mundo pós-aniversário

E se nos fosse dado o direito de escolha?

Não de coisas desimportantes - como decidir que roupa usar - ou muito significativas - como a profissional -, mas de algo que fizesse diferença emocional, que mudasse a perspectiva quanto ao que se espera do amor ou da felicidade? Como se o mundo que eclodisse após o impacto de um determinado incidente fosse completamente o oposto daquele que se considerava perfeito e totalmente aceitável!

Pois é mais ou menos por aí que se destrincha a narrativa de O mundo pós-aniversário (Lionel Schriver, Intrínseca), obra difícil de definir, ou mesmo apenas registrar uma opinião. Schriever já havia estraçalhado meus nervos com Precisamos falar sobre o Kevin e agora conseguiu me deixar aparvalhada, quase como à espera do que não pode vir, mas a gente continua esperando...

Irina é uma personagem marcada pela dúvida, que a assalta assim como ao leitor, o qual, ao mesmo tempo que torce por ela, se enraivece com sua incapacidade de ser feliz, com sua inaptidão à felicidade em qualquer dos mundo pós-aniversário que se descortinam diante dela...

Lawrence e Ramsey são os dois caminhos por que ela pode optar, sem necessariamente encontrar o que procura...

E se nos fosse dado o direito de escolha?
Saberíamos que caminho seguir?

A elegância do ouriço

Falando em indicações preciosas de leitura, volto a citar minha querida Gabi: A elegância do ouriço (Muriel Barbery, Cia das Letras) é uma delícia!
Em torno da filosofia, da psicologia e de muitas outras ciências que poderiam ser perscrutadas na obra singular de Muriel, o que se lê ali é uma aula sobre a vida em suas várias facetas, meio esdrúxulas às vezes, meio sem pé nem cabeça em outras situações, mas a vida, simplesmente...

Amei tantas passagens do livro que, pela primeira vez em anos (nem quero contar quantos!) não apenas dobrei margenzinhas nas páginas de que mais gostava, fui além: com um lápis (bem fraquinho pra não macular o universo sagrado do livro!) separei frases, parágrafos, pedacinhos de textos que mais tarde - faço questão! - irei dispondo, aos poucos, na margem direita desse blog! Verdadeiras lições sobre o estar no mundo, são reflexos do pensamento e das ações de duas personagens incrivelmente belas: Reneé e Paloma, tão semelhantes num mundo de oposições, tão sábias num universo de ignorância e aparências! Em breve devo reler essa maravilha... enquanto isso, aproveito seus pequenos mistérios!

Obrigada, Gabi!

Travessuras da menina má

Nunca tinha lido Mario Vargas Llosa! Fico pensando quanto tempo perdi... mas também penso que nunca é tarde para encontrar bons escritores antigos!
Travessuras da menina má (MarioVargas Llosa, Alfaguara) é incrivelmente bem escrito. Além de personagens encantadores e poderosos, como Ricardito e sua niña mala, sobejam fatos incríveis que perpassam 40 anos de História!

Muitas vezes antes de comprar o livro e, posteriormente, de iniciar a leitura, fiquei matutando o que teria levado a Larissa a me indicar i n c a n s a v e l m e n t e essa obra que (ela insistia!) era a minha cara! Descobri a veia histórica como pano de fundo da história mais amalucada de amor que já li e, naturalmente, me apaixonei! Ela sabia disso... e me sinto recompensada, não apenas por ela ter se tornado excelente leitora, mas pelo regalo que me deixou: uma indicação de ouro!

Só espero que agora, mesmo de longe (já na faculdade!), ela continue me mantendo a par de suas leituras e, quiçá, me permitindo conhecer outras novidades! Obrigada, minha amada... sentirei saudade!

Pequena Abelha


Pequena Abelha (Chris Cleave, Ed. Intrínseca) é um daqueles livros apaixonantes, que valem cada página!!! O autor foi muito feliz ao abordar uma temática tão complexa de forma tão sensível, abusando das metáforas para contar o indizível...

Personagens fortes, riqueza de linguagem, tragédia humana... uma fantástica mistura de acontecimentos marcantes que tocam o leitor! Belíssimo! Nota mil!