"Um mesmo livro nunca é o mesmo para duas pessoas." Ferreira Gullar
10 de junho de 2012
31 de janeiro de 2012
RETOMADA...
"Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam. Todo ponto de vista é um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura." Leonardo Boff
Descobri, nesse período de ausência - como "blogueira"?!?! hehehe - que, além de ler, gosto de escritores. Identifico-me tanto com alguns que, por mais que tente diversificar, acabo 'caindo' diversas vezes nos mesmos, apaixonadamente, para, em muitas delas, admirá-los ainda mais, porém, em outras, para acabar me decepcionando. Palavra forte essa, mas nem por isso menos verdadeira quanto a alguns sentimentos que se manifestam à medida que vou desvendando mistérios - por vezes velhos conhecidos, retomados com formas surradas - ou aprendendo novos formatos intrigantes de narrar...
Aproveito, então, para resgatar essas experiências, da mais antiga à mais recente aventura literária, na tentativa de justificar, pelo menos em parte, a partir delas, o significado profundo das palavras de Boff em mim, até porque fiz algumas releituras nesse período... Allons-y!
O Morro dos Ventos Uivantes (Set/2011)

O diário de Anne Frank (Set/2011)

Apesar disso, foi na escola que ouvi falar de Anne Frank e seu diário... e queria muito conhecê-lo. Lembro que me choquei, embora pouco tenha ficado da leitura juvenil. Anos depois, já trabalhando na Mario Quintana, reli para um projeto com o 2º ano do médio, e o que ficou foi a sensação reiterada pela terceira leitura, a mais recente: é uma obra paradoxal - triste e engraçada, desoladora e bela, sofrida e criativa... - e prova para nós, seres livres, que vivemos distantes do conflito histórico em que está inserida, que a vida é maravilhosa! O que Anne deixou foi um legado que deve continuar vivo pelas próximas gerações como a impressão de um olhar ao mesmo tempo ingênuo e crítico, extremamente arguto sobre um dos piores 'desastres' da História da humanidade! Pena que nem todos têm olhos para ver...
Eu sou o mensageiro (out/2011)
Não houve, necessariamente, uma decepção, sequer algo que se assemelhe ao abandono da leitura, mas o que me incodou profundamente foi desejar ler um estilo que adorei em A menina que roubava livros e encontrar outro COMPLETAMENTE DIFERENTE em Eu sou o mensageiro (Intrínseca). A narrativa é forte, impactante até, sobre o que há de pior e mais 'pobre' dentro do homem - vale dizer que esse é o ponto alto da narrativa, de fato muito boa! - mas o vocabulário chulo, as questões referentes à sexualidade e a sequência de altos e baixos da vida medíocre de Ed Kennedy, o protagonista, são enervantes! Gostei muito do livro, mesmo (!), embora permaneça a certeza de não olharei mais para Zusak da mesma maneira que antes! Acho que devo procurar um tira-teima...
Marina (Nov/2011)

Quando ela se foi (Dez/11)

O estilo intenso de narrar, a forma sutil de apresentar os personagens, a proposta intercalada na abordagem dos pontos de vista... e mais alguma meia dúzia de coisinhas interessantes fizeram de Harlan Coben uma nova paixão, a ponto de desejar ler outros títulos! Isso não é novidade... algo parecido já havia acontecido em relação a outros autores (tive a fase do Dan Brown, por exemplo... enquanto não devorei todos os livros dele não sosseguei!). Não vejo problema em afirmar que dois são os fatores mais importantes na relação com livros como Quando ela se foi (Arqueiro): o típico romance policial (muita ação, adrenalina e aventura) e o estilo fácil! Para quem lê muito esse é um fator significativo: aprecio quando um livro com narrativa simples me faz ter vontade de devorá-lo, pois a história fica leve, deixa sua marca... e não é necessário que a cabeça 'ferva'... Quero mais!
Um dia (Jan/2012)

O tamanho do céu (Jan/2012)
Conheci Thrity Umrigar com o maravilhoso A distância entre nós (Nova Fronteira)
- ver postagem de 12 de fevereiro de 2009 - e, apesar de ter adorado a leitura, não havia procurado mais nada da autora. Fui reencontrá-la na internet há bem pouco tempo e acabei guardando o livro para as férias... sem arrependimentos! Simplesmente fantástico! A mistura de culturas e tradições indianas e norte-americanas que a autora revela é um presente ao leitor. Na narrativa, encontra-se um conflito que se poderia dizer 'batido' - a perda de um filho pelo casal norte-americano -, mas a maneira como Thrity o molda é reveladora de uma ótica singular: o menino indiano, Ramesh, filho de um casal de empregados, sendo objeto de substituição de Ben, o filho falecido! O que se instaura a partir daí é a construção, ao olhar do leitor, de uma Índia fabulosa, colorida e festiva de um lado, e de outro o país marcado pela opressão, pela corrupção, pelos costumes milenares e por questões familiares severas muitas vezes incompreensíveis. Do lado positivo encontra-se Ellie... do obscuro, Frank: dois mundos tão próximos e, ao mesmo tempo, tão distantes... O tamanho de céu (Nova Fronteira) é a resposta a conflitos que podem desencadear uma tragédia sem precedentes. Eu estava despreparada para vivenciá-la... Surpreendente é um excelente adjetivo para o obra grandiosa da escritora indiana! Vale conferir...

Noah foge de casa (Jan/2012)

A batalha do apocalipse (Jan/2012)

Nota:
Ao citar outros autores na postagem sobre Spohr não o faço desmerecendo a obra de uns ou outros, é que muitas vezes as comparações são consideradas esdrúxulas por outros leitores, então, resolvi esclarecer. Posso afirmar, por exemplo, que a narrativa me fez lembrar de Rick Riordan; explico: quando Riordan desenvolve as ações para seus 'deuses', ele os coloca diante dos homens e dos acontecimentos como responsáveis por uma série de incidentes "reais", como se fossem os articuladores de, por exemplo, guerras que assolam a humanidade, modificando situações e lugares, transformando - muitas vezes destruindo! - o que havia lá. Nesse sentido, A batalha do Apocalipse se aproxima muito, pois os arcanjos têm ações bastante semelhantes aos deuses supracitados: são eles que determinam o rumo dos fatos, que marcam o 'destino' dos humanos como se, com um dedo, pudessem realizar coisas fantásticas ou terríveis! E mais: muitas vezes associei o arcanjo Lúcifer, de Spohr, ao deus Hades, de Riordan, com suas múltiplas faces, seus jogos de interesse, seu cinismo... de fato, os jogos de poder dos arcanjos em muito se assemelham aos promovidos pelos deuses do Olimpo, de Riordan. Um pouco mais séria, talvez, seja a possível comparação com o trabalho magnífico de J.J. Benítez... mas, vá lá! Acredito ter esclarecido a relação sugerida, embora aberta a críticas e/ou comentários. Era isso...
Não conte a ninguém (Jan/2012)

A megera domada (Jan/2012)

Não ficção (Jan/2012)


Em seguida, li Lendo Lolita em Teerã (Azar Nafisi, BestBolso). Ganhei o livro no ano passado, de uma colega que disse ter lido pensando em mim. De fato, a identificação foi imediata! A autora iraniana relata uma experiência lindíssima de como burlou um regime de opressão imposto pelo aiatolá Khomeini e reuniu um grupo de sete jovens para ler ficção em literatura inglesa e discutir os grandes temas apresentados nas obras selecionadas. Pode parecer piegas me referir à narração como uma lição de vida, mas foi exatamente assim que percebi as histórias das oito mulheres reunidas às quintas-feiras, todas vistas sob o ponto de vista de Azar (inclusive ela mesma, e muitas vezes elementos de sua família, pois os encontros se davam em sua casa)... todas vistas sob a perspectiva da memória! Nesse resgate, a cada obra lida e analisada, a vida delas também o era, de maneira que um pouco de Austen, Twain ou Nabokov, por exemplo, passava a ser um pouco delas mesmas. Como professora de literatura, as citações e as análises literárias de Nafisi acrescentaram muito, embora conheça muita gente que, mesmo não pertencendo à área, gostaria da narrativa, do que ela representa e do que ela 'deixa' no leitor: a sensação positiva de que é possível, em meio ao caos, a serenidade; em meio às frustrações, a vitória; em meio às privações, os voos da intelectualidade... e esses, não há quem os sonegue! Recomendo...
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