

Em seguida, li Lendo Lolita em Teerã (Azar Nafisi, BestBolso). Ganhei o livro no ano passado, de uma colega que disse ter lido pensando em mim. De fato, a identificação foi imediata! A autora iraniana relata uma experiência lindíssima de como burlou um regime de opressão imposto pelo aiatolá Khomeini e reuniu um grupo de sete jovens para ler ficção em literatura inglesa e discutir os grandes temas apresentados nas obras selecionadas. Pode parecer piegas me referir à narração como uma lição de vida, mas foi exatamente assim que percebi as histórias das oito mulheres reunidas às quintas-feiras, todas vistas sob o ponto de vista de Azar (inclusive ela mesma, e muitas vezes elementos de sua família, pois os encontros se davam em sua casa)... todas vistas sob a perspectiva da memória! Nesse resgate, a cada obra lida e analisada, a vida delas também o era, de maneira que um pouco de Austen, Twain ou Nabokov, por exemplo, passava a ser um pouco delas mesmas. Como professora de literatura, as citações e as análises literárias de Nafisi acrescentaram muito, embora conheça muita gente que, mesmo não pertencendo à área, gostaria da narrativa, do que ela representa e do que ela 'deixa' no leitor: a sensação positiva de que é possível, em meio ao caos, a serenidade; em meio às frustrações, a vitória; em meio às privações, os voos da intelectualidade... e esses, não há quem os sonegue! Recomendo...
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